MERCADO LIVRE

domingo, 11 de julho de 2010

CBMA4 - Eu estudo e não fico de bobeira em fóruns. Por isto sempre digo pra esta garotada que tempo é dinheiro. Aliás tem muito marmanjo perdendo tempo também. Devemos pesquisar muito e assim encontrarmos fundamentos para um fato que pode ou não acontecer. Vejo um bom estudo entre CARLOS SEICENTOS X LULA. O negócio é política então tudo pode acontecer. CBMA4 pode se dar muito bem com o trem-bala, assim como nada pode acontecer. Olho nas especulações e vamos em frente. Leiam todos os meus posts sobre CBMA4 no dia de hoje. Altíssimo risco, mas foi assim em Telebrás e até novembro estas ações podem cair 50% ou podem subir 500% , vamos acompanhar. A última frase da matéria destaquei.

“Eu e o Lula começamos juntos”
Eduardo Metroviche

[clique para ver maior]
Carlos Seicentos é diretor-geral do Grupo Flanel





 Na última terça-feira, 22 de julho, o empresário Carlos Seicentos, diretor-geral do Grupo Flanel, recebeu a reportagem no local onde, em 17 de julho de 1968, ocorreu a histórica greve dos metalúrgicos. Em 1964, ele já trabalhava na Cobrasma, como auxiliar de escritório. Em 1967, a forjaria passou para a Braseixos. Um muro passou a separar a Braseixos da Cobrasma, “o muro da vergonha”, em alusão ao Muro de Berlim. “Mas isso como brincadeira, não tinha nenhuma outra conotação”, brinca Seicentos.
Na época da greve, ele já era supervisor (gestor da área de suprimentos de materiais). A forjaria de peças para autos já havia passado para a Braseixos.
Na entrevista, o empresário conta sua versão do dia da greve e fala sobre a retomada da produção, desde que começou a “matar morcegos” em janeiro de 2003, ao mesmo tempo em que o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva começava o seu primeiro mandato como presidente da República.
Como o senhor lembra da greve de 68?
Eu posso dizer que eu vi a cena. O apito tocar fora de hora foi uma coisa que chamou a atenção, mas a gente não sabia absolutamente nada. Chamou a atenção, mas a gente não se preocupou muito, porque poderia ser apenas uma manutenção. Eu tenho uma imagem muito boa desse dia, porque eu trabalhava numa área que chamávamos matrizaria, e fazíamos diariamente uma reunião de produção no prédio da forjaria, por volta de 9h, 10h. E eu vinha da matrizaria para a forjaria para participar da reunião, por fora da fábrica. E achei um negócio muito estranho: quando subia a escada para ir ao escritório da forjaria, quando olhei à minha direita (e dali você via perfeitamente o pátio de sucata da Cobrasma), eu falei: “Nossa senhora, o que está acontecendo?” Vinha vindo uma multidão, todo mundo com o capacete que o pessoal usa na fundição. Aquele monte de capacetes escuros, parecia uma praça realmente de guerra. E eles vinham em direção à Braseixos. Mas quando saímos pra ver eles já tinham entrado na portaria.
Então procede o que diz Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho, que o movimento pegou todo mundo de surpresa...
Nós não sabíamos de nada, a não ser as pessoas que estavam ligadas no movimento. Foi muito bem planejada [a greve]. Nesse ínterim, nós saímos para dar uma volta, ver como estava, e nessa ida é que eu tive a oportunidade de saber quem era o Barreto. O Barreto subiu num bloco de aço e começou a dizer que [os operários] não tivessem medo, que a partir daquele instante a fábrica estava por conta deles, que o movimento ia continuar, e tal. Aí você percebia que o cara realmente era um grande líder. Aí eles fecham bloqueiam as portarias, pra que ninguém saísse.
O senhor tinha que sensação?
Medo. Porque a gente não sabia o que ia acontecer. Medo, ninguém pode dizer que não tinha. Eu lembro de um dia que nós estávamos indo pro almoço, o cara que era o chefe desse Barreto, almoçando com a gente, falou assim: “eu tô muito satisfeito hoje. Eu contratei uma pessoa para ser apontador de produção... Pô, o cara tem científico e não quer trabalhar na área administrativa!”. O cara que contratou ficou muito impressionado [com Barreto]. Isso uns 30 dias antes. Foi aí [na greve] que a gente entendeu por quê. Ele já veio treinado. Depois se descobriu – e eu não sei, não vi, mas ouvi falar – que o armário dele foi aberto e acharam livro de guerrilha. Acho que foi verdade porque ele foi morto ao lado de Carlos Lamarca. Mas poderia ter morrido muita gente...
Na greve?
É, por isso a minha revolta. Não sou nada, contra o regime tinha que lutar sim, embora eu não tenha absolutamente nada contra o regime militar... Eu nunca fui preso, nunca me proibiram de ir a lugar nenhum. E se eu consegui algumas coisas, lá atrás na minha vida, foi nesse regime, então não tenho o que falar. Eu não me envolvi politicamente com nada. Eu era mais voltado obviamente a produzir, como eu sou até hoje, acho que eu nasci pra isso. O que me revolta, obviamente, foi nós ficarmos presos [na fábrica, dia 17 de julho]. Lógico, a alta direção da empresa não estava aqui dentro, estava no prédio, fora; quem estava dentro eram os engenheiros que cuidavam da fábrica e nós. Fomos pra um ponto onde poderíamos nos reunir em segurança, um escritório que tinha em cima da área da fundição.
Só que todo mundo esqueceu, mas os grevistas lembraram, que embaixo de onde nós estávamos tinha um reservatório de gasolina. Perceberam que estávamos enclausurados e começaram a atirar pedra, pedaços de aço, onde nós estávamos. Enquanto um grupo estava com isqueiro aceso tentando desatarrachar o tanque, porque tava fazendo parte do plano, acho, explodir. Se tivesse explodido, nós estávamos caindo aos pedacinhos até hoje. Você imagina o desespero.
Tem um diretor meu, o Domingos, ele não tem nem condições de falar disso. Ele sofreu muito. Isso marcou a minha cabeça até hoje. Eu acho que a greve teve seus objetivos. Agora, essa parte aí pra mim é muito triste. Mas por sorte a polícia chegou.
A gente não tinha entendido nem os motivos da greve, as greves eram mais contra o regime. Enquanto fecharam a fábrica, pararam, tudo bem; eu só acho que não está certo quando começaram a agredir a gente... Nós estávamos passando os mesmos problemas, o regime era igual pra nós também. Então acho que nós tínhamos que ser poupados.

E como foi depois, até a fábrica entrar em concordata (1993)?
Em 1990 eu saí (da Cobrasma). Fui criar uma empresa chamada Bolsa do Aço, eu passei a prestar serviço para a Cobrasma. Em 97 voltei para cá como inquilino e arrendei uma divisão, onde nasceu a Flanel, com 12 mil metros. No final de 2002 eu tive um sonho, que precisava fazer o meu aço porque senão a Flanel ia sucumbir.
E a retomada em 2003?
Um superintendente da Amsted-Maxion propôs alugar os fornos, e eu não sabia o motivo. “Nós precisamos de aço”, disseram. Eu disse: “eu não posso alugar forno, mas aço eu tenho. Eu te vendo aço líquido”. O primeiro cara do mundo, tenho quase certeza, a vender aço líquido fui eu. Como você pode vender um produto a 1.500 graus de temperatura? O cara tomou um choque. Eu propus sublocar, o cara traria os moldes, eu faria o aço. “Deixo na panela, ou seja, eu faço a feijoada e você põe na cumbuca”. Eu achei que o americano não ia aceitar. Nós conseguimos fazer um contrato, levamos 30 dias. Conseguimos um negócio bem bolado. Eu ia vender o aço pra ele, colocar na panela e ele tinha que ter o molde lá. Se eu fizesse o aço e ele não tivesse o molde esperando, eu jogava o aço na vala e ele pagava; se eu não fizesse o aço e ele tivesse o molde – e o molde tem vida útil de 24 horas –, eu tinha que indenizar.
Foi o negócio mais maluco que você possa imaginar, ao ponto da gente fabricar 400 toneladas em janeiro de 2004 e 4.400 ton em dezembro!

Qual é a média hoje?
Hoje está em 6 mil toneladas/mês. A acearia foi até a hora que eu agüentei. Chegou uma hora que os vagões estavam consumindo 92% do aço. Eu estava ficando mais maluco do que outra coisa. Eu falei, vamos fazer o contrário. “Vocês não vieram aqui pra alugar o forno? Agora vocês ficam com a acearia toda, vocês fabricam o aço, eu prefiro comprar os 8% do que eu preciso do que fabricar 92%. Aí eu passei pra eles e nós temos tudo em conjunto. Temos, juntos, aproximadamente 2 mil funcionários, aqueles dois mil de quando o Lula veio nos visitar aqui.
Qual sua opinião sobre o governo Lula?
Ele veio a Osasco cinco vezes (desde eleito), e as cinco vezes eu estive com ele. Eu tinha uma impressão do Lula. A gente começou quase junto. Ele começou [o mandato] dia 1° de janeiro de 2003, e eu, dia 2 de janeiro de 2003, comecei a matar os morcegos que tinham aqui dentro. Ninguém acreditava, me chamaram de louco, doido varrido, imagina um negócio desse aqui dez anos parado.
Depois que eu estive com Lula aqui na minha fábrica, eu vi uma pessoa muito inteligente, eu mudei totalmente a minha opinião sobre ele. Ele. Não estou falando da penca que está em volta dele. Se ele se candidatar para síndico, eu voto. Eu votaria no Lula hoje para o que ele quisesse.

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