MERCADO LIVRE

sábado, 6 de fevereiro de 2010

alta corretiva

Depois do susto, apostas à próxima semana vão de 'alta corretiva' a mais volatilidade

Por: Tainara Machado
05/02/10 - 20h05
InfoMoney

SÃO PAULO – O Ibovespa teve a pior semana desde outubro do ano passado devido, em grande parte, à deterioração de indicadores das economias mais maduras, especialmente de alguns países europeus, segundo análise de Ricardo Martins, gerente de pesquisa da Planner Corretora. De fato, a situação fiscal de Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda tem provocado grande aversão ao risco por parte dos investidores.
Para Ivanor Torres, analista da Geral Corretora, enquanto o déficit orçamentário desses países não for resolvido, o mercado irá permanecer contaminado, com cenário de alta volatilidade pela frente. Com a saída do investidor estrangeiro da bolsa brasileira, a ponta vendedora é pressionada, pois o capital vindo de fora ainda tem participação importante no índice, avalia Torres.
Para ele, como o problema não será resolvido na próxima semana, é provável que o mercado ainda sofra bastante, sem descartar a possibilidade do Ibovespa "alfinetar", ou seja, furar, a barreira dos 60 mil pontos. Além disso, a proximidade do Carnaval deve diminuir o volume de negócios perto do fim de semana.
Alta corretiva
Martins tem outra opinião. Para ele, a brusca queda do Ibovespa entre quinta e sexta-feira deve fazer com que o índice tenha leve recuperação na próxima semana. “Para segunda-feira, podemos aguardar uma alta corretiva”, afirma. E nem mesmo o vencimento de opções deve trazer o mesmo nível de volatilidade geralmente causado pelo evento, já que parte dos investidores que estavam posicionados em séries anteriores ficaram com posições sem condições de exercício.
Entre outros motivos para uma leve recuperação, Martins cita também a intensificação da temporada de divulgação de resultados. “O que pode minimizar esse movimento de queda que vimos nessa semana é justamente resultados de acordo com a expectativa de analistas, mostrando que continuamos como uma boa opção de investimento”.
No entanto, para Luís Augusto Pacheco, da Omar Camargo, os resultados das empresas teriam que ser muito bons para reverter a atual tendência do Ibovespa, que é de queda. Ivanor Torres concorda. Perguntado sobre a Vale - se poderia se descolar do índice caso apresentasse resultados positivos na quarta-feira (10) -, respondeu que não acredita na hipótese de uma guinada por conta da divulgação do balanço.
Muito bem, obrigado
Isso porque, para o analista da Geral Corretora, a percepção é de que a situação do mercado só deve melhorar a partir do momento em que as economias estrangeiras passarem a oferecer sinais de que o cenário está mais estável.
Caso dependêssemos apenas da economia brasileira, a situação seria bem mais confortável, afirma. “Estamos muito bem, obrigado”, diz, comentado a situação macroeconômica do Brasil. Para o longo prazo, a avaliação positiva das ações é consenso. Em parte, afirma Torres, porque algum organismo internacional deve resgatar as economias em risco antes que algo mais grave ocorra.

Olho nas notícias !!!

Sofrendo três quedas em sequência, o Ibovespa caiu 4,04% na semana, afundando a desvalorização anual para 8,49%. Para analistas, um ajuste natural e até saudável para esfriar a euforia.
Depois de chegar a flertar com os 71 mil pontos nas primeiras semanas do ano, o Ibovespa pisou no freio e sofreu revés de 6,62% em janeiro.
A primeira semana de fevereiro engordou o saldo negativo de 2010. Para analistas, nada assombroso, nem uma nova crise.
De fato, não há novidades entre os fatores que serviram de lastro para a queda das ações ao redor do globo. O avanço da administração Barack Obama na reforma do sistema financeiro e o aperto monetário na China vêm ocupando o noticiário há mais tempo.
A questão da solvência de economias periféricas da Zona do Euro, como a Grécia, já era algo também comentado antes da crise começar. Virou o bode expiatório.
"São coisas que já eram sabidas, sem nenhuma novidade. O mercado estava com sinais de realização e acabou aproveitando esses temas como argumentos", opina Hersz Ferman, gestor da Um Investimentos.
Ninguém está dizendo que a possibilidade de calote grego não é ruim, pois isso desencadearia outra rodada de aperto de crédito, mas "não vejo esses três pontos como fortes o suficientes para levar a bolsa a cair desse jeito", completa o economista.
Até pela dependência das commodities, o Brasil acabou se desvalorizando mais do que outras bolsas. A BM&F Bovespa tem um beta (sensibilidade) maior: no inverso (quando o mercado sobe) também avança mais.
Isso somado ao fluxo externo expressivo injetado na bolsa brasileira. "O mercado estava em um momento de animação diante dos estímulos colocados na economia. Muitas ações ficaram sobreavaliadas", interpreta Paulo Coimbra, professor de Economia e Finanças da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisa em Contabilidade, Economia e Finanças (Fucape).
Para ele, o ajuste nas cotações é natural e não preocupa. "A bolsa quase voltou aos patamares anteriores da crise e sabemos que a economia ainda não retomou o mesmo ritmo de antes. Então algo tem que estar errado. Era o princípio do momento de euforia".
Carnaval
Paulo Coimbra espera que a bolsa acompanhe em compasso de espera o cenário da economia nas próximas semanas. E não descarta uma realização ainda maior: "temo que alguns agentes possam eventualmente zerar algumas posições para ver o que acontece depois no Carnaval".
Semana que vem é morna de indicadores e, às vésperas do Carnaval, o mercado costuma ter um giro financeiro relativamente fraco.
"Teremos uma agenda menos carregada. Na quinta-feira serão divulgadas as vendas no varejo nos EUA. O dado é importante, pois é um setor que depende da renda e nos trará sinais do comportamento do consumidor", escreve em relatório a corretora Coinvalores.

MERCADO

Economias de Argentina e Brasil crescerão 5% em 2010 (ministro brasileiro)


As economias de Argentina e Brasil crescerão pelo menos 5% durante 2010, estimou nesta sexta-feira em Buenos Aires o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, prevendo o aumento do intercâmbio bilateral para esse período.

Mantega prognosticou para este ano "um crescimento de 5 por cento no mínimo para os dois países", depois da crise financeira internacional.

"Embora em 2009 tenha havido diminuição da relação comercial (bilateral), as perspectivas para 2010 são mais favoráveis porque as duas economias estão crescendo a taxas maiores que as economias europeias", disse em entrevista à imprensa na chancelaria argentina depois de um encontro em nível ministerial entre os dois países.

Por sua vez, o chanceler argentino Jorge Taiana assegurou que durante as reuniões de dois dias concluídas nesta sexta-feira em Buenos Aires "foram obtidos resultados proveitosos".

Durante o encontro, foi preparada a visita que o presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva fará a Buenos Aires no final de março.

Ficou estabelecido na reunião que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) colocaria à disposição, em curto prazo, um financiamento para que a Argentina possa exportar caminhões para o Brasil e essas unidades conteriam, por sua vez, autopeças brasileiras.

O comércio bilateral move 23,5 bilhões de dólares ao ano mas, em 2009, devido ao impacto da crise global, registrou queda de cerca de 20%, com um déficit para a Argentina de 543 milhões de dólares.

O ministro Guido Mantega também disse nesta sexta-feira em Buenos Aires que a política brasileira de juros é definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) e que ele concorda com ela.

As declarações foram feitas após a divulgação do resultado do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) com aumento da inflação de 0,75% em janeiro, ou a maior alta mensal de preços desde maio passado.

bur-jos/sd