MERCADO LIVRE

segunda-feira, 5 de julho de 2010

BRASIL

Crise na Europa não impedirá recuperação global

Apenas 18 países devem apresentar retração neste ano, nove deles são europeus

Por Raquel Salgado, de Madri*
Agência O Globo
Banco aposta nas economias emergentes para crescer
O baixo crescimento dos países europeus não será capaz de tirar a economia mundial -que já cresce a 3,3% neste ano - do caminho de recuperação que começou a ser trilhado em 2009. A afirmação é de José Juan Ruiz, diretor de análise e estratégia do banco Santander para a América. Segundo ele, já faz algum tempo que a economia mundial tem crescido sem precisar de bom desempenho da Europa.

Para deixar seu argumento mais palpável, Ruiz calcula que, se a demanda interna europeia se reduzir em 1% neste ano, o impacto sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, por exemplo, será de apenas 0,05%. Já no crescimento chinês o impacto negativo seria equivalente a 0,25% do PIB. Hoje, esses dois países, junto com Índia e Brasil, são os quatro motores da economia global.

Apesar de ainda haver muita desconfiança em relação às economias dos países desenvolvidos, Ruiz afirma que há uma nítida recuperação econômica em curso. De um total de 150 países pesquisados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), apenas 18 não devem apresentar crescimento neste ano. Metade deles são europeus. “Está claro que a Europa não tem o poder de descarrilhar esse movimento”, diz Ruiz.


Planos para o Brasil 
Enquanto a economia europeia patina, o grupo Santander aposta no Brasil. Esse deve ser o primeiro ano em que a operação da filial brasileira será mais lucrativa do que a da matriz. O planejamento é abrir mais 600 agências no país nos próximos três anos. Só em 2010 serão 150. Esse passo faz parte da estratégia do banco de crescer de forma vertical, principalmente nos países emergentes. “Queremos reduzir custos sem fechar agências e ganhar cada vez mais participação”, disse José Antonio Alvarez, diretor-geral financeiro do banco.


O crescimento econômico, que tem se mostrado sustentável, e o aumento da bancarização, propiciado pela ascensão das classes sociais mais baixas ao status de classe média, são os principais motivos para essa aposta nos emergentes. Ele calcula ainda que há pelo menos US$ 900 milhões de sinergia entre as operações do banco em todo mundo para serem plenamente aproveitadas nos próximos três anos. 

Na Espanha, como o cenário ainda é de crise e a expansão das atividades é bastante difícil, o objetivo é pelo menos manter as agências atuais. É um movimento que vai na direção contrária ao da maioria dos bancos que atuam no país. Somente entre dezembro de 2008 e março de 2010 foram fechadas 807 agências bancárias na Espanha. Todo o sistema bancário espanhol precisa, segundo Alvarez, enfrentar uma séria reestruturação para atingir dois objetivos: reduzir custos e absorver dívidas através de recapitalizações.
*A jornalista viajou a convite do banco Santander 

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