MERCADO LIVRE

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DIVERSAS - UMA BOA LEITURA

23/09/2009 - 11:36

Fusões e Aquisições recuperam fôlego no mercado nacional

Relatório da PricewaterhouseCoopers registra retomada dos negócios impulsionados principalmente pelo setor de agronegócios.

O mercado de fusões e aquisições está em franca retomada depois de uma queda iniciada no último trimestre de 2008 e que se acentuou ainda mais nos dois primeiros meses deste ano, em conseqüência dos efeitos da crise financeira global. No Brasil, nos primeiros oito meses do ano, foram registradas 378 transações. O número de negócios realizados é 18% menor do que o registrado no mesmo período de 2008. Essa diferença vem caindo mês a mês: ao final dos seis primeiros meses era de 26% e, dos sete primeiros meses era de 21%. A expectativa é que o ano se encerre no mesmo patamar de 2008. Em agosto, foram feitas 55 transações, uma a mais do que no mesmo mês do ano passado.

O setor de agronegócio, incorporando tanto as operações de “produção de campo” (ou, “da porteira para dentro”), como de processamento de alimentos, na mesma forma que mundialmente foi, no Brasil, afetado, e registra importantes movimentos de reestruturação com processo de consolidação. A compra da Bertin e da norte-americana Pilgrim’s Pride anunciada hoje pela JBS, que se tornou a maior empresa de carnes do mundo, se soma as já anunciadas transações como a fusão Perdigão e Sadia, que criou a BRF – Brasil Foods (transação de mais de US$ 10 bilhões em análise pelo CADE), a própria Bertin adquirindo a Vigor e Leco, a Doux adquirida pela Marfrig, todas nos segmentos de carnes e laticínios.

No agronegócio destacam-se ainda os movimentos de fusões e aquisições no subsetor de açúcar e álcool, que responde por cerca de 23 % das transações na indústria de alimentos e agronegócio em 2009 . Com a perspectiva de crescimento no médio e longo prazos, tanto no mercado nacional como internacional do setor, as usinas realizaram investimentos em expansão e projetos de greenfield, aumentando substancialmente suas capacidades de produção, mas também sua alavancagem financeira (endividamento junto a bancos). Com a variações expressivas de preço do álcool e outras condições adversas de mercado, inclusive em relação à escassez de crédito e não existência de linhas para o refinanciamento de operações já contratadas, o setor se viu diante de uma fase de consolidação.

Alguns exemplos de transação no setor são: . A Cosan adquirindo a Nova América | . A Clarion adquirindo os ativos da destilaria de álcool Manacá | . A BSBios adquirindo a usina de processamento de biodiesel da Agrenco | . A Louis Dreyfus adquirindo participação na Santelisa Vale | . O BNDES adquirindo, em operação de capitalização, participação adicional na Santelisa Vale – destacamos que o governo, diretamente ou através de seus agentes e, numa forma de capitalização ou através de linhas de crédito, tem atuado de forma ativa no suporte e reestruturação do setor | . A norte-americana Amyris adquirindo participação na trading Crystalserv | . A Odebrecht realizando aporte de capital na sua subsidiária ETH Boienergia | . Transações da Laticínios Bom Gosto como a aquisição da Líder Alimentos e arrendamento de uma série de fábricas e mais recentemente adquirindo determinadas operações da Nestlé.

Potenciais consolidadores e investidores como a Usina São Martinho, a Bunge, a Açúcar Guarani (grupo francês Tereos), além da própria Cosan, Cargill e Louis Dreyfus, além dos investidores financeiros GP Investimentos, Tarpon Investimentos, Gávea Investimentos (que tem investimentos do tipo PIPE – do inglês, Private Investment in Public Equity, que se caracteriza por um aporte/ investimento de capital de risco feito em companhias abertas e contratado fora da bolsa de valores) e DGF Investimentos, dentre diversos outros também buscam aproveitar o momento para investir, ou fortalecer-se, nesta indústria.

Aspectos extremamente positivos e influenciadores da atratividade da indústria de alimentos (onde diversos players mundiais merecem destaque como, por exemplo, a Nestlé, Unilever, Kraft Foods, Mars) e agronegócio são, além do amadurecimento e consolidação do Brasil como exportador (cada vez mais com produtos de maior valor agregado e processados e não somente commodities), a entrada de novos consumidores (nos últimos anos observamos o “aumento” da classe média e media/ baixa em cerca de dez pontos percentuais). Esta atratividade de investimentos e potencial de mercado e consolidação de indústria podem ser verificados na participação das transações da indústria de alimentos e agronegócio no total de transações, saindo de um patamar de 9% do total de transações efetivas no período de 2002 a 2005 para 13% no período 2006 a 2009 (com pico de 15% em 2007). Neste contexto todo, obvio mencionar se a performance de empresas de trading, conglomerados de soja (como por exemplo, o Grupo André Maggi, um dos maiores conglomerados agrícolas do mundo com faturamento superior a US$ 2,4 bilhões ao ano) e empresas com operações de insumos agrícolas (máquinas, sementes e defensivos, dentre outros).

Por fim, numa perspectiva de médio e longo prazo, acreditamos que o setor de alimentos, incluindo as operações de agronegócio (que apresentou, em 2008, um crescimento de cerca de 6% seu PIB ao mesmo tempo em que o Brasil totalizou PIB de US$ 1,6 trilhões), continuará sendo um dos setores com maior volume de transações de fusões e aquisições.

Tradicionalmente temos este setor em destaque no mercado de fusões e aquisições no Brasil (com especial destaque para os sub segmentos de Açúcar e Álcool, Frigoríficos, Laticínios e Café, que juntos contabilizam mais de 60% das transações do setor de alimentos e agronegócio) dadas as oportunidades da economia brasileira, o posicionamento do Brasil enquanto produtor e exportador (em 2008 exportações atingiram US$ 72 bilhões, com crescimento de 23% em relação a 2007 e representando 36% da pauta de exportação do país) e também do potencial de consumo de seu mercado interno. Adiciona-se, atualmente, e como influência positiva a atratividade brasileira, a perspectiva de rápida recuperação da economia nacional vis a vis o contexto de crise, que se mostrou menos sensível no Brasil do que outros países a crise internacional, proporcionando boas safras para investidores estratégicos e financeiros. | Andréia Vitório

http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=91463

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