MERCADO LIVRE

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Luciano Coutinho


Luciano Coutinho,

Acredito em você e te desejo cada vez mais sucesso. Que venha 2009 e você mostre ao povo brasileiro a sua força. Você merece.

Parabéns a revista "Dinheiro" pela bela reportagem.

Abraços

Socomerciais

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Quem está pessimista em relação ao futuro da economia brasileira deve agendar uma visita ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Do alto do 19º andar da imponente sede do banco estatal na avenida Chile, no Rio de Janeiro, ele só tem boas notícias. O BNDES desembolsou mais de R$ 90 bilhões neste ano e, no próximo, terá mais de R$ 100 bilhões para financiar grandes projetos empresariais. Metade dos financiamentos será destinada às obras de infra-estrutura. Em entrevista à DINHEIRO, Coutinho revela que as consultas empresariais cresceram 40% e diz estar convicto de que o vento ainda sopra a favor do País. "Empresas que já cancelam tudo lá fora estão mantendo projetos só no Brasil", diz ele.

DINHEIRO - O governo tem deixado claro que o BNDES é um mecanismo essencial da política anticíclica. O banco vai responder ao desafio?
LUCIANO COUTINHO - Sim, mas nada substitui a decisão privada de investir. O BNDES tem trabalhado para suprir deficiências de crédito, especialmente do crédito de longo prazo, cuja oferta no mercado internacional e através do mercado de capitais, aqui no Brasil, foi razoavelmente abundante em 2006 e parte de 2007, mas foi escasseando. O BNDES tem se esforçado para ampliar a oferta de financiamento para o investimento produtivo da economia. Representávamos entre 20% e 25% da oferta de financiamento para a formação de capital e, agora, estamos um pouco acima de um terço. Essa é uma missão transitória do BNDES. Esperamos que os mercados se restabeleçam.

DINHEIRO - O desembolso do banco este ano vai atingir R$ 90 bilhões?
COUTINHO - Pode até superar um pouco os R$ 90 bilhões. E no ano que vem o desembolso será superior a R$ 100 bilhões. Já estamos negociando com o Ministério da Fazenda no sentido de equacionar as fontes de funding para o BNDES em 2009 e o compromisso público do ministro Guido Mantega é que esses recursos serão providenciados.

DINHEIRO - Qual foi a fatia destinada ao PAC?
COUTINHO - A infra-estrutura representou R$ 45 bilhões, ou seja, a metade. Um desembolso portentoso. Para o ano que vem eu diria que há o PAC, mas também outras obras de infra-estrutura que não estão no PAC, mas que também são relevantes, como a área de telecomunicações. Temos uma carteira muito firme de projetos já aprovados que nos sinalizam uma forte expansão dos investimentos em infra-estrutura. Acreditamos que em 2009 e em 2010 os investimentos em infra-estrutura dobrarão em relação ao nível verificado em 2008. Infra-estrutura no Brasil tem alta taxa de retorno, é um investimento atraente.

DINHEIRO - E qual a expectativa para outros setores, como bens de capital?
COUTINHO - O setor de bens de capital tem segmentos que continuarão fortemente demandados nos próximos anos. Na cadeia de óleo e gás, a Petrobras manterá seu plano estratégico de investimento, que constitui outra força de propulsão da economia brasileira. Toda a cadeia supridora de bens de capital para petróleo e gás será fortemente demandada nos próximos anos e requererá investimentos de grande envergadura. Aqui no BNDES, temos demandas de financiamento de novos estaleiros e de ampliação de estaleiros. A carteira de fornecimento de navios, de plataformas e de outros equipamentos offshore só cresce e sinaliza a necessidade de desenvolvimento de toda da cadeia de fornecimento. Também deverá permanecer bastante aquecida a demanda por equipamentos para o complexo do bioetanol, sucroalcooleiro. Além disso, há demanda de bens de capital ligada tanto à construção pesada necessária para infra-estrutura quanto à construção residencial. Esses três segmentos de bens de capital tenderão a permanecer bastante firmes nos próximos dois anos. E há ainda surpresas positivas.

DINHEIRO - Quais são as surpresas?
COUTINHO - Recebemos a confirmação de dois grandes projetos siderúrgicos. Não posso dar os nomes, porque um deles está na fase de consulta, mas a empresa declara firmemente que manterá seu projeto. Na área de nãoferrosos nós tivemos aqui uma declaração importante de uma empresa internacional que disse que cancelou tudo no mundo, salvo os projetos no Brasil. A mesma coisa tem acontecido na área de celulose. A maior parte dos projetos está sendo confirmada.

ROBERTO CASTRO/AG. ISTOÉ

DINHEIRO - Como o sr. explica essa tendência?
COUTINHO - Os projetos nesses setores são muito intensivos em capital e a sua implantação demanda pelo menos de quatro a cinco anos. Os empresários estão mirando no mercado a partir de 2012, 2013, quando a expectativa é de que a economia mundial já tenha se recuperado. Considerando que o Brasil é uma das bases mais eficientes de produção no mundo, ganharemos espaço de mercado lá na frente. Enquanto em muitos lugares produtores de alto custo se retiram do mercado, a possibilidade de o Brasil construir capacidade com custo competitivo pode representar oportunidade de mercado daqui a quatro, cinco anos. Assim, para a surpresa de muitos pessimistas, é possível que o investimento em insumos básicos seja maior do que se imagina nos últimos anos.

DINHEIRO - Então não houve redução da demanda por financiamentos?
COUTINHO - Em novembro, o número de novas consultas cresceu 40%. Podemos dizer que parte disso é um deslocamento de investimentos que seriam feitos com funding externo. Ainda que se dê esse desconto, o número é tão relevante que mostra que o cancelamento e a postergação de projetos podem não ser tão intensos como estão concluindo os pessimistas. É ainda prematura a conclusão a respeito dos investimentos na economia brasileira no ano que vem. O investimento vinha crescendo a uma taxa de 19,7% no trimestre. Uma taxa espetacular. Ele continuará crescendo, embora a uma taxa mais moderada, de 8%.

DINHEIRO - O sr. trabalha com o crescimento de 4% do PIB?
COUTINHO - Acredito que poderemos chegar a 4% do PIB por várias razões. Uma delas é que teremos um espaço relevante para redução dos juros ao longo de 2009 e isso não está plenamente considerado nas expectativas atuais. Não falo sobre o momento e a intensidade porque essa é uma matéria do Banco Central.

DINHEIRO - Os americanos acabam de reduzir as taxas de juros a quase a zero.
COUTINHO - Observamos pressões deflacionárias muito explícitas na economia mundial que já começam a se manifestar também no Brasil. Por exemplo, os índices de preços no atacado no Brasil começaram a mostrar uma forte desaceleração nas últimas semanas, refletindo a deflação internacional. Essa deflação no atacado deverá se transmitir para o varejo, especialmente numa conjuntura de desaquecimento da taxa de crescimento da economia. Logo, o espaço possível de redução de juros poderá surpreender a muitos e ajudar o crescimento em 2009

DINHEIRO - A economia brasileira pode embicar novamente a partir do segundo trimestre de 2009?
COUTINHO - A economia poderá se reativar no segundo trimestre e entrar em pleno crescimento no terceiro trimestre. O ano de 2009 poderá fechar com taxa maior do que se imagina.

DINHEIRO - Por que o sr. propõe um fundo global de desenvolvimento, como o Plano Marshall, do pós-guerra?
COUTINHO - Economias que têm muitas muitas reservas teriam obrigação de auxiliar as economias em desenvolvimento que dependem de um ou outro produto de exportação e de commodities, facilitando o financiamento de investimentos especialmente em infra-estrutura. Essa orientação já foi acolhida pelos países desenvolvidos ao determinar o aumento das operações do Banco Mundial no próximo ano. Considerando que a escala dessas instituições é pequena, propus um plano de grande escala, o fundo global.

DINHEIRO - Uma das dificuldades para se prever o que pode ocorrer com o Brasil no ano que vem é saber o rumo dos Estados Unidos.
COUTINHO - Temos que considerar a capacidade de reação da economia americana. Uma característica interessante deles é o pragmatismo e a velocidade de ajuste. O presidente Barack Obama está comprometido com a idéia de um grande programa anticíclico de investimentos na escala de US$ 2 trilhões em infra-estrutura. Imagino que a crise americana em algum momento será digerida.

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